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sábado, 14 de maio de 2011

H.C de Souza - Vicio das Drogas - Areia Movediça, Cuidado!

                  Eu acho que estava com uns 17 anos mais ou menos, se não me falhe a memória...é...é sim, uns 17 anos pra 18 talvez...creio que sim. Quando eu pela primeira vez experimentei um cigarro. É...um cigarro comum, destes que nem dá um barato. Eu experimentei porque assim, todos os meus colegas do colégio achavam muito da hora matar aula, e ir lá pros fundos do colégio fumar, era assim...como eu diria..." ser um tipo foda ", manja? aquele cara meio rebelde, meio louco, tipo durão...Não sei, mas tinha muita menina que era doida pelos caras assim, e inclusive, lembro que na época, consegui minha primeira transa porque eu tava lá no meio dos "fodões".

                Acho que passaram se uns meses, até que no nosso grupo, entrou o Fabinho, o apelido dele era caixa d'agua, porque ele era grande e tinha uma cabeça enorme. Ele tinha vindo da capital fazia uns três meses, e entrou na mesma escola que a gente. Com ele pela primeira vez meu grupo formado pelo Marco Antonio, Cristian, e Harley  viemos a conhecer a maconha. Assim, foi interessante sentir o barato da coisa, ficar enuveado e nas nuvens...High...Up...descontraido...

               Passaram se, uns meses e veio um amigo dele da capital também mais doido que ele, e trouxe na  bagagem, coisas mais pesadas, pois bem...pra ser sincero, eu já tava viciado na época. Dai pra viciar em algo mais forte, e a principio " de graça " foi um pulo. Olha, eu acho que fiquei dos 17 aos 21 completamente alucinado na época, eu pra você ter idéia quando conheci o "Caixa d'agua" eu tava na Sétima serie,  e aos 21,  eu ainda tava tentando sair da sétima série. Nossa, foi muito complicado pra mim, eu não conseguia mesmo ir pra frente...Eu roubei muita coisa da minha propria casa, e da escola também e de onde pudesse, pra vender e comprar o "bagulho". Fiz isso, e não tenho vergonha de falar...é sério.

                Aos 22 anos, meus pais me internaram numa clinica de recuperação de viciados e lá eu fiquei dois anos, eu nem saia pra lugar nenhum, pois eu tinha crises de abstinência, e eu sentia medo do mundo, das pessoas, porque assim...é que eu queria sair fora daquilo entende? É... tinha este lado do meu querer que sempre, sei lá, de alguma forma me fazia ser melhor...Um dia eu me senti completamente recuperado, conversei com os administradores do lugar, com os pscólogos, eu também conversava muito com a tia Creusa, que era uma senhora hoje já falecida, ela era linda, bem gorda e com um sorriso de dar gosto! Nossa, quantas vezes eu chorei no ombro daquela senhora...( lágrimas...)

               Enfim, eu saí de lá...fiquei 4 anos bom, mas assim, bom mesmo manja? Eu tava até indo na igreja e com 28, estava até já pensando em me casar com uma moça lá que gostava de mim, eu estava trabalhando numa loja de discos, e era um vendedor do tipo sortudo. Minhas comissões eram sempre as melhores. Enfim...Tudo mudou no dia que cheguei em casa numa tarde de sabado, lá pelas duas da tarde, ( Eu tinha trabalhado ate meio dia  na loja ) e minha mãe veio dizendo:

                _Olha! você precisa urgente ir visitar o Harley, encontrei a mãe dele no centro hoje e ela está acabada! A coitada disse que o rapaz está numa pior, que se droga todo dia, que não trabalha mais, enfim é uma desgraça! Olha você que já superou tudo isso, e como ele é seu amigo, devia ir lá o mais rapido que puder pra dar uma força pra ele...


               Então, eu tremi por dentro com aquelas palavras, mas por outro lado, não quis mostrar pra minha mãe o meu "verdadeiro possivel eu". Ela insistiu, e insistiu como se eu fosse o Cristo a salvar o Harley, pô eu ja conhecia ele, entre nós ele sempre foi o mais cabeça dura, o que sempre pegava mais pesado em tudo. Mas tudo bem, eu fui lá no domingo...

              Cheguei lá e ele estava grog, olhos vermelhos e esbugalhados, me reconheceu na hora, e veio me dar um abraço. Pois bem...pra encurtar a história...

                Em um mês de tentar ajudar o Harley, eu voltei a me viciar, passei a usar tudo de novo as mesmas coisas do passado, pois fui fraco e não resisti a uma oferta dele. Sei que parece que tudo que aprendi no internato não veleu de nada. Mas só quem vive o que eu vivi, sabe o que eu to falando, é muito mais forte do que a cabeça aguenta, é mais forte porque o corpo passa a pedir a coisa...Olha, não quero mais falar nisso ta bom?

               Passei mais três anos viciado e perdido, até que fui encontrado de novo na rua pela dona Creusa aquele anjo, e ela me recolheu de volta no internato. Graças a ela, hoje aos 35, me sinto bem de novo, livre, e pretendo me casar em breve e ter minha familia. Infelizmente a lição que eu aprendi nisso é que, eu não sei se um dia serei capaz de ajudar alguém com este problema, pois pra mim é assim, cada dia são, é um dia a mais, sempre um novo dia...

               O que eu diria? se você é um ex viciado feito eu, pense duas vezes em se envolver, ou tentar ajudar pessoalmente alguém sozinho como fiz, se de repente você tiver ajuda de outras pessoas, a coisa se torne mais facil. Mas tem horas meu amigo, que é a melhor ajuda a oferecer é ligar pra uma outra pessoa, e enviar ela no seu lugar. Não sei se você entendeu...Mas enfim. É isso HC...valeu.

               H.C:
              _Fazia tempos que eu queria pedir autorização deste meu amigo, pra contar a historia dele, os personagens aqui, foram todos trocados o nome. Mas todos existiram mesmo e eu quis relatar a história dele pra mostrar que as vezes é melhor ter certeza de que em alguns casos na vida, você está mesmo apto a dar ajuda. Pois ao dar a sua mão pra alguém afundando em areia movediça, ela pode te levar junto.

             _Pra quem já teve este problema eu recomendo nunca ajudar sozinho, faço minhas as palavras do Edu, de ir com mais alguém, chamar mais gente, porque eu não saberia dizer o quão tentador deva ser isso, pois nunca usei nada, mas pra quem já afundou nisso uma vez, deve ser mesmo algo terrível.

             _Espero que quem vive isso, encontre sempre uma dona Creusa, um amigo, um anjo que seja pra lhe ar uma ajuda.

             _Agradeço de coração ao meu amigo, eu podia bem ter escrito sem falar nada pra ele, mas achei melhor chamar ele em casa, bater um papo, e ter a ajuda em tempo real da história toda. Alguns detalhes eu não postei, pois eram fortes e assim, não convinha, pois não sei a faixa etária que estaria lendo isso. Mas assim ficou leve e bom pra se ter noção do que ele viveu.


             Um abraço Forte e Reconfortante a todos.

             HC de Souza

Se alguem algum dia quiser conversar sobre algo, escreve para: hc.desouza@ymail.com
terei prazer em dar uma ajuda, se puder...

Post Scriptum
A todos:



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